17 Abril 2014

Preparamos a segunda parte do texto “Coisas que você não sabia sobre pessoas de Letras”. Discorda de nós? Deixe sua opinião!

 

1          Quem se forma em Letras é…
letrista, beletrista, filólogo, linguista, letrado, letrólogo, literato, professor? Depende. Primeiro porque a formação varia: do nosso curso podem sair os bacharéis em Letras e os licenciados em Letras. Segundo porque as profissões são variadas e não há mesmo uma maneira simples e direta de dizer, como em “cursou Medicina, é médico” ou “cursou Geografia, é geógrafo”. Beletrista e Literato são nomes utilizados com frequência para designar quem tem formação em Letras, mas, na verdade, podem ser usados para qualquer um que cultiva a literatura e as belas-letras ou que se dedica à criação de obras literárias.

2          Nem sempre batemos o recorde de livros lidos ao ano
Pode ser decepcionante para alguns, mas uma série de razões afeta o ritmo de leitura de algumas pessoas de Letras. Ao longo do curso, a carga de leitura é pesada e sobra pouco tempo pros livros que gostaríamos de ler só por prazer. Além disso, aprendemos a nos deter demoradamente sobre cada linha de texto e extrair sentidos de trechos ínfimos, um hábito que diminui nossa velocidade consideravelmente, mas que permite um aprofundamento naquilo que lemos. Por isso, não se espante ao descobrir que grandes amantes de literatura não lideram o ranking de livros lidos por ano: esse número não é lá tão importante. Existem livros que são devorados em horas, e existem aqueles que demandam tempo, reflexão, operações de retroação, que vão se revelando à medida que são ruminados. Nem sempre ler muito é sinônimo de ler bem.

3          “Soletrando” não é nosso quadro preferido da televisão brasileira
Pode ser muito divertido assistir programas que trazem dicas de português ou gincanas que envolvem soletração de palavras, mas este não está entre os principais motivos que nos levam a ligar a TV. Talvez porque a gente passe tanto tempo ouvindo que mais importante que saber as convenções de escrita é desenvolver raciocínios coerentes, por exemplo. Talvez por pensarmos demais sobre como escrever melhor, ou como ensinar os alunos a escrever melhor, ou por lermos textos complexos demais etc. Independentemente do motivo, o fato é que essa associação (fez Letras, deve gostar de “Soletrando”) tem grandes chances de estar errada.

4          Não temos preconceito com best-sellers. Bem, depende…
O pessoal da área de humanas tem fama de ser pedante, blasé e de não gostar da cultura popular, mas… não é bem assim. É preciso fazer uma diferenciação importante: o fato de um livro ser sucesso editorial é insuficiente para determinar se ele apresenta ou não o que se costuma chamar de “valor literário”. Por isso, saber o quanto vendeu ou deixou de vender não diz muita coisa sobre ele. O que acontece é que muito do que tem feito sucesso nos últimos tempos tem sido considerado de baixo valor literário. Ler por prazer tem papel importante em nossas vidas; ninguém precisa se guiar apenas pelo cânone. Mas certamente é um equívoco pensar que todas as obras consideradas de qualidade são campeãs no quesito chatice. Embora não seja crime gostar de obras como Harry Potter e Crepúsculo, precisamos reconhecer o papel da universidade em ampliar o repertório dos alunos e propor o estudo de obras consideradas de grande relevância ao longo da história da literatura. Para terminar, não custa lembrarmos que Machado de Assis foi best-seller na época dele, como Umberto Eco, Leminski e outros autores interessantes são hoje em dia. Pobre do pseudointelectual que deixou de lê-lo por saber que vendia bem.

5          Não trabalhamos de graça
Traduzir “duas pagininhas” ou revisar “um trabalho pequenininho” podem parecer tarefas simples, mas têm preço. É claro que sempre dá pra encontrar um amigo benevolente que vá fazer esse tipo de favores sem cobrar, mas são trabalhos específicos e devem ser valorizados. “Mas você só levou 15 minutinhos pra fazer!”… Acontece que passamos anos estudando pra aprender a fazer em 15 minutinhos. Sempre que possível, procure valorizar o trabalho de quem se esforçou para aprimorar sua atuação. Vale para qualquer área.

 

Este texto é a continuação do “4 coisas que você não sabia sobre pessoas de Letras”. Se ainda não conhece, leia clicando aqui.

 

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Preparamos a segunda parte do texto “Coisas que você não sabia sobre pessoas de Letras”. Discorda de nós? Deixe sua opinião!   1          Quem se forma em Letras é… letrista, beletrista, filólogo, linguista, letrado, letrólogo, literato, professor? Depende. Primeiro porque a formação varia: do nosso curso podem sair os bacharéis em Letras e os licenciados […]

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