4 coisas que você não sabia sobre pessoas de Letras

Escrevemos algumas informações sobre a forma como vemos nosso curso e as pessoas da área. Discorda? Comente aí!

 

1. Adoramos ganhar livros de presente, mas…

Costumamos ser mais seletivos (ou chatos) que a média. Por isso, mesmo que haja no momento um título-sucesso-de-vendas-traduzido-para-74-idiomas, convém pensar duas vezes antes de comprá-lo para alguém da área de Letras. Em geral, quanto mais uma pessoa lê, mais rigorosa ela fica com seus hábitos de leitura. Isso não quer dizer que ela não goste de best-sellers, nem que só leia clássicos, mas pode significar que ela já tem critérios mais específicos acerca do tipo de livro que gosta de ler. Por isso, tente saber quais são os autores, temas e/ou estilos favoritos do seu presenteado. Além disso, presentear alguém que é muito fã de um assunto ou estilo é sempre uma missão delicada: pode ser que a pessoa já tenha os presentes mais óbvios ou que tenha opiniões fortes sobre alguns itens que ainda não conhece. Pesquise bem e boa sorte!

2. Não ficamos procurando erros gramaticais quando os outros falam

Ninguém precisa se sentir inibido ou com medo de “cometer erros” perto de alguém formado em Letras. Ao contrário do que muita gente pensa, os primeiros anos de estudos na área costumam tornar os alunos mais tolerantes com as várias formas de falar e mais interessados em compreender esses falares. Não somos fiscais da gramática! Quem entra na graduação esperando passar 4 ou 5 anos estudando gramática loucamente pode levar um susto ao conhecer o currículo do curso. Portanto, pessoas de outras áreas: libertem-se. Não vamos reparar no modo como vocês falam e muito menos corrigir vocês em situações constrangedoras. (Se você quer saber quando achamos ou não coerente corrigir alguém, veja: desenhamos aqui.) Essa nova postura foi, para nós, influência dos estudos de Linguística. A Linguística está para a Letras assim como o brigadeiro está para uma festa de aniversário de criança: se não tiver, vai fazer falta.

3. Ser professor não é nossa única opção

Mas é uma ótima opção. O primeiro passo para valorizar a profissão do professor não é aumentar seu salário (isso também, claro!), mas sim reconhecer o papel fundamental que ele tem. Professor precisa de muito prestígio, porque sua relevância, impacto e dedicação (aos estudos, ao aperfeiçoamento, ao planejamento de aulas etc.) são indiscutíveis. Por isso, a próxima vez que o caçula da família anunciar que quer estudar Letras, evite comentários como “Mas você é tão inteligente!”, “Mas com essa nota você poderia fazer Medicina!”, “Mas você vai ser professor?”. Em vez disso, sugerimos algumas opções: “Que sorte dos alunos que terão você como professor!”, “Que bom pra educação do país!”, “Que prestígio para nossa família!”. Isso tudo é verdade, mas também é verdade que quem faz Letras não é obrigado a ser professor. Pode ser tradutor, revisor, editor, escritor, consultor, redator, intérprete, repórter, empresário; pode trabalhar em banco, no comércio, em áreas administrativas etc. Tão importante quanto clamar que os professores precisam ter boa formação é respeitar e incentivar quem escolhe esse caminho.

4. Acordar transformados em “professor Pasquale” não é exatamente nosso sonho

Muita gente diplomada em Letras acaba sendo chamada de “professor Pasquale” por amigos e familiares, em uma brincadeira com intenção simpática por parte daqueles que conhecem e/ou admiram essa figura tão popular. De fato, é um grande feito que um professor de português tenha conseguido ocupar tanto espaço na mídia (e no imaginário). No entanto, por muitos anos o professor Pasquale teve uma “abordagem” no ensino da gramática que era questionada em alguns cursos de Letras, por destoar de visões mais recentes sobre o estudo de línguas. Ele e seus seguidores costumavam passar a ideia de que só existe uma maneira certa de falar, sem fazer ressalvas sobre adequação e contexto, o que tende a gerar uma visão preconceituosa sobre os falantes. Com os avanços dos estudos na área de Linguística, a visão sobre língua e seu ensino foi ficando distante da ideia de que só existe uma gramática aceita. Por isso, apesar de sermos colegas de área, nem sempre ele é nosso maior ídolo.

 

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