25 Outubro 2023

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24 Outubro 2023

Se você não estava por dentro da polêmica que surgiu depois de a palavra “dorama” ter sido incorporada ao nosso vocabulário oficial por decisão da Academia Brasileira de Letras (ABL), eis um resumo!

O termo “dorama” se popularizou no Brasil em decorrência do sucesso de séries asiáticas por aqui. “Dorama” vem de “drama”. Trata-se de uma tentativa de indicar a dificuldade dos japoneses em pronunciar o encontro consonantal (como ocorre na sílaba “dra”).

Quando um termo passa a ser amplamente usado no nosso país, a ABL é responsável por oficializá-lo, o que acontece com sua inserção no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). Até aí, legal, a língua muda e isso se oficializa às vezes.  Outros termos incluídos recentemente são “feminicídio”, “covid-19” e “sororidade”. A vida muda, a língua muda. Mas…

No Instagram, a ABL divulgou a definição de “dorama” afirmando que se trata de “uma obra audiovisual de ficção no formato de série, produzida nas regiões leste e sudeste da Ásia e que “foram originalmente concebidos no Japão”. Também esclareceu que há denominações específicas para identificar a origem dessas produções, como J-drama (doramas japoneses), K-drama (coreanos) e C-drama (chineses).

Em seguida, a Associação Brasileira dos Coreanos divulgou um manifesto condenando essa definição. Para os pesquisadores coreanos, ela é preconceituosa e generaliza as produções asiáticas. Para eles, “dorama” (de origem japonesa) não pode ser usado como um termo guarda-chuva para séries outros países. “É como falar que toda comida nordestina é comida baiana”, disse o presidente da associação. A ABL se defendeu dizendo que apenas apontou o uso da palavra como ele ocorre em contextos reais em português no Brasil.

Pelo que entendi, a forma como usamos “dorama” apaga as especificidades das mídias de países asiáticos, gerando conceitos equivocados e reforçando estereótipos. “Generalizar as produções do sudeste asiático como doramas seria como chamar todos os asiáticos de japa”, disse Yun Jung Im, professora e coordenadora da graduação em Letras – Coreano da Universidade de São Paulo (USP).

Ricardo Cavaliere, membro da comissão de lexicografia da ABL, defendeu a definição: “Não é incomum que, uma vez incorporada a outra língua, a palavra ganhe vida própria, rapidamente se distanciando de seu sentido ou de seu emprego original”. Ele explicou ainda que “o registro feito em dicionários e vocabulários é posterior ao uso que os falantes fazem da língua no processo de comunicação”.

Manu Gerino, da página Coreanismo, especialista em filmes e séries coreanas, disse: “Até a primeira metade do século 20, o Japão invadia a Coreia, e lá aconteceu todo tipo de violência inerente a uma colonização. […] Então hoje, quando usamos um termo japonês para algo coreano, essa lembrança de violência vem junto”.

Fontes:

ABL na mídia – Veja – O fenômeno da TV que adicionou uma nova palavra à língua portuguesa | Academia Brasileira de Letras

Palavra ‘dorama’ é incluída no vocabulário da Academia Brasileira de Letras | Educação | G1 (globo.com)

Pesquisadores coreanos assinam manifesto contra definição da ABL de ‘dorama’; academia defende (correiobraziliense.com.br)

ABL irrita fãs de drama coreano e causa treta entre ‘dorameiros’ ao tentar definir termo; entenda – Estadão (estadao.com.br)

Se você não estava por dentro da polêmica que surgiu depois de a palavra “dorama” ter sido incorporada ao nosso vocabulário oficial por decisão da Academia Brasileira de Letras (ABL), eis um resumo! O termo “dorama” se popularizou no Brasil em decorrência do sucesso de séries asiáticas por aqui. “Dorama” vem de “drama”. Trata-se de uma […]

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14 Março 2022
O PEL Entrevista de hoje é com uma escritora especialista em nos convidar a olhar as palavras, conviver com elas e construir sentidos de modo mais demorado e criativo.
Juliana Valverde é autora dos livros infantojuvenis “Eu, ué!”, “Abrapoema” (Selo “Altamente Recomendável” em 2021 da FNLIJ na categoria Poesia; Selo Seleção Cátedra Unesco de Leitura – PUC Rio 2020) e “Mindinho maior de todos” (Prêmio Seleção Cátedra 10 – Cátedra Unesco de Leitura – PUC Rio 2017; Selecionado para o PNLD Literário 2018), todos publicados pela editora ÔZé. Além disso, é doutoranda no Programa de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP.

Pode nos contar um pouco sobre você? (De onde vem, quando nasceu, onde mora etc.)

“Eu vim da Bahia”, é esse verso da letra da canção homônima de Gilberto Gil que me vem à cabeça toda vez que alguém me pergunta de onde vim. Eu vim mesmo de lá, da Bahia, de Salvador, e foi nesse canto mítico entre Nosso Senhor do Bonfim e Oxalá que comecei a construir este eu que tenta responder agora (?) de onde veio, enquanto canta mentalmente enquanto escreve “Eu vim da Bahia”… “cantar”… “contar”… Eu vim da Bahia para São Paulo criança. Hoje, tenho 42 anos e ainda moro aqui.

Escritora Juliana Valverde

O que a levou a escrever literatura para o público infantil?

Não sei se eu diria que escrevo “para” o público infantil… Talvez dissesse que escrevo como que querendo ir… “às” infâncias (?)… como que procurando me aproximar de um possível segredo ligado à poesia, o qual estaria condensado no tempo da experiência de criança (num atempo), para onde há desejo insistente de regressar. Vamos ver se consigo explicar melhor, objetivando uma reverberação que me fez chegar nessa conjectura: em seu “Itinerário de Pasárgada”, Manuel Bandeira diz que foi em suas mais velhas reminiscências (nas reminiscências da “primeira meninice”) que percebeu, nas palavras dele, um “conteúdo inesgotável de emoção” que identificou com a emoção de natureza artística, descobrindo em tal conteúdo, depois, o segredo de seu itinerário em poesia. Quando li isso, parece que um bando de coisas foi se descortinando por aqui. Talvez a minha infância também guarde um possível segredo de minha expressão poética (será que todas as infâncias também assim guardam todas as expressões, artísticas?). E talvez eu viva querendo me aproximar desse segredo, impossível de ser tocado, mas cuja distância (até ele) é urgente (para mim) percorrer… Bem, a quantidade de “talvez”, parênteses e reticências que usei aqui quem sabe responda mais a essa pergunta do que a minha resposta em si, né? (risos). Caminhar (ou escrever) às infâncias parece estar ligado a esse segredo… 

A leitura estava presente em sua infância? Como?

Lembro-me muito da contação de histórias na minha primeira infância, de um adulto querido contando histórias e cantando magias para mim. Lembro-me em especial de minha avó Mariá me envolvendo nesse universo mágico. Eram histórias e cantigas do nosso repertório oral. E toda essa memória vem carregada de “gosto de vó”, sabe? De muito afeto… Acho que foi essa ligação de essência, antes de o objeto livro propriamente dito entrar em cena, que me fez gostar muito de “ouvir” palavras e, por conseguinte, de ler (livros). Acho que a cada livro eu trisco (ou queira triscar) nesse gosto de afeto poético, seja ele de qualquer sabor. E de novo volta a coisa das reminiscências da “primeira meninice”, do segredo, da ligação infância-poesia, da coisa toda que tentei dizer ao responder à pergunta anterior.

Sabe dizer quais são seus livros infantojuvenis favoritos? 

Meus favoritos? Hum… Voltando a minha infância, lembro, antes de qualquer outro, de “Chapeuzinho amarelo”, de Chico Buarque. Eu tinha o livro e o disco, com o texto musicado. Lembro-me de ouvir muito esse disco, na minha vitrolinha cor de laranja, que virava uma “maleta”, a qual levava para lá e para cá. Ouvia repetidamente, muito mesmo, enquanto devia investigar o livro, brincando de escrever nele — imagino isso olhando o livro hoje, cheio de garatujas da Juliana que ainda não sabia escrever convencionalmente (tenho a sorte de uma mãe, pedagoga, que me deixava livre com o “meu” livro)… Mas além dessa memória de livro favorito da infância, eu queria trazer aqui alguns favoritos de poesia também. Primeiro, o clássico “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles. E um poema de Hilda Hilst, que virou livro em versão infantojuvenil há pouco: “Eu sou a monstra”. Quero citar os contemporâneos também… Tem muita coisa bonita… “Chão de peixes”, de Lúcia Hiratsuka e “Obrigado”, de André Neves.

Foto de página do livro “Chapeuzinho Amarelo”. Exemplar do acervo pessoal de Juliana, com garatujas feitas pela autora quando criança.

Você tem um ilustrador favorito?

Bom, eu não queria trazer um “nome”, mas uma força, a força poética, a força do condensamento, que permite um alargamento de olhar para quem a experiencia. Meus ilustradores favoritos são aqueles que trazem essa força no desenho, no traço, nas cores. Há muitos artistas visuais que fazem isso, de diferentes jeitos, de modo figurativo ou abstrato. Esses são os meus favoritos.

Qual é a importância da ilustração em um livro infantil?

Considerando os livros que apresentam textos acompanhados de ilustrações, diria que a ilustração possibilita expandir as possibilidades de o leitor-criança se relacionar sensivelmente com as expressões artísticas. Mas há livros com imagens e livros que são as imagens… Talvez dizer da força poética de novo faça mais sentido também aqui…

Você acha que o uso excessivo da tecnologia tem tirado espaço dos livros na vida de crianças e adolescentes?

Acho que nunca criamos um espaço para o livro no Brasil e talvez o problema esteja mais aí. É uma questão social, política, econômica… Difícil dizer que o livro perde um espaço que infelizmente nunca teve. Acredito que a nossa luta seja criar esse lugar e em diferentes suportes, junto da tecnologia, inclusive.

Você tem filhos? Em caso afirmativo, isso influenciou seu desejo de escrever literatura infantil?

Sim, tenho uma filha. A Bianca. Ela nasceu em 2012 e me aproximou ainda mais do querer rumar ao “segredo” de que falei inicialmente. Ela me deu também coragem para ir, mesmo sabendo da imperfeição dos passos e da origem de qualquer querer. Diria que ela me impulsionou. Ela me faz querer e sentir muita coisa, o que felizmente me permite dar uma “pausa” no pensar, pensar, pensar…

O que significa para você ver um livro seu receber o selo Cátedra Unesco ou ser selecionado para o programa nacional de distribuição de livros para escolas públicas, como já aconteceu?

Fico feliz com qualquer ação que esteja ligada à criação de espaço e acesso à leitura. Precisamos criar e cultivar esse espaço, como já disse acima. E acho que os prêmios e os programas públicos podem ajudar nesse lugar, na criação desse espaço. Agora, é preciso criar um espaço com qualidade… Fico bem preocupada quando vejo, por exemplo, editais de programas de governo “ditando”, para livros literários, os formatos dos exemplares, a quantidade de linhas por página ou “elucidando” como deve se dar a relação da ilustração com o texto para tal ou tal idade. Na minha opinião, isso não ajuda nessa criação de espaço a que me refiro, mas, ao contrário, dificulta ainda mais qualquer aproximação ou sensibilização para com a arte. Acho preocupante mesmo.   

Em sua opinião, como as escolas podem contribuir para a formação de leitores literários? 

Acho que possibilitar o livre acesso a livros literários já é um grande passo. Outra coisa é vincular a leitura a momentos prazerosos e a relações de afeto e admiração. Um professor lendo um livro de maneira encantada produz o encantamento em seus alunos, certeiramente. E certeiramente as crianças vão se envolver e querer regressar ou ingressar nas leituras que ele apresenta ou recomenda com paixão. A criança se encanta pelo encanto do adulto de que gosta e admira. Ouvi o Ricardo Azevedo, amigo e grande mestre, falando algo nesse sentido uma vez e comecei a reparar mais nisso. E acredito mesmo nessa coisa, viu? Vejo isso acontecendo aqui em casa. Eu sou apaixonada por Hilda Hilst. Minha filha sente isso pelo modo como devo falar dela e adivinha? Já amava Hilda (risos), mesmo antes de ler qualquer texto de Hilda. Há pouco tempo, descobri a edição de “Eu sou a monstra” para crianças. Li para ela. Li com ela. Compartilhamos toda aquela imensidão. Ela sentiu a “verdade” daquele meu encantamento. Depois dos nossos momentos com o livro, ela foi revisitá-lo diversas vezes, “sozinha”. E, em menos de um mês, ela decorou e declama o texto de um jeito tão lindo… Ela tem 9 anos. Trouxe esse exemplo com literatura, mas acredito nisso com tudo. João Gilberto me toca, por exemplo, em um lugar desses. Meu pai ouvia João com uma admiração tão grande… Eu ficava curiosa por aquele sentimento dele… E até hoje eu ouço muito João. “Ouço” demais mesmo. É um lugar de afeto e comunhão.

Você tem contato com professores e alunos que já trabalharam um de seus livros em sala de aula? Como é essa experiência de troca?

Tenho. E como é rica essa troca, viu? Eu sempre me emociono e volto a acreditar no sentido de continuar (porque a gente fica desacreditada muitas vezes mesmo). Sempre que posso, vou conversar nas escolas, respondo a perguntas das crianças. Como eu aprendo… E como me abraça… E esses abraços são um jeito de encorajar a regressar e reinventar aqueles afetos às infâncias também. Fico grata e muito realizada com cada contato. Me contatem! (risos).  

 

A escritora pode ser encontrada no Instagram nas contas @mindinho.literario ou @julianavalverde.

O PEL Entrevista de hoje é com uma escritora especialista em nos convidar a olhar as palavras, conviver com elas e construir sentidos de modo mais demorado e criativo. Juliana Valverde é autora dos livros infantojuvenis “Eu, ué!”, “Abrapoema” (Selo “Altamente Recomendável” em 2021 da FNLIJ na categoria Poesia; Selo Seleção Cátedra Unesco de Leitura – PUC […]

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7 Março 2022

Estava pensando sobre o que fazer para tornar meu ano FLUIDO e FÁCIL e isso me fez lembrar uma aula de natação que tive em 2015.

A tarefa era atravessar a piscina nadando “cachorrinho”. Esse nado costuma ser feito por quem não sabe nadar e pode ser útil para ajudar a pessoa a manter a cabeça fora da água (por isso também é chamado de “nado de sobrevivência”).

Ao contrário do que acontece com outros estilos, porém, esse nado não nos ajuda a deslizar pela água com facilidade, sendo necessário um grande gasto energético para gerar o movimento. É bastante exaustivo!

Ao concluir a tarefa, esgotada, eu pensava: “É essa é a impressão que as pessoas que não sabem nadar têm sobre a natação? Parece muito pior e mais difícil do que é!”.

A conclusão parece óbvia: as coisas são mais fáceis para quem as domina. Mas, na prática, isso não é tão evidente. Às vezes, precisamos nos perguntar: “O que eu preciso aprender agora para que o restante do processo se torne perenemente mais simples?”.

É bem provável que muita gente ache que português é difícil porque, ao tentar estudar sozinho, está “nadando cachorrinho”. Em outras palavras, está empregando mais energia do que precisava e conduzindo o processo de maneira pouco eficiente, que não rende e não é a mais adequada aos próprios objetivos. Muita coisa que parece excessivamente trabalhosa pode se tornar simples com a técnica correta.

Quando você entende o funcionamento da crase ou a lógica que rege o uso da pontuação, por exemplo, tudo flui. Não é preciso decorar 1001 regras descontextualizadas, porque você se torna capaz de, intuitivamente, entender outros casos. É como aprender a braçada certa que vai te fazer deslizar metros pela piscina com um esforço reduzido.

O empenho é bem-vindo, claro, mas não é desejável que ninguém precise se exaurir para atingir um objetivo que também está ao alcance de todos por mares mais tranquilos.
Por isso, em 2022, espero que os alunos que nos acompanham (o nosso PELotão de gente legal, segundo os stories) sejam capazes de entender quais são os movimentos certos para tornar esse aprendizado algo simples, leve e fluido. 🐬

Feliz 2022!
Com amor,
Carol

Estava pensando sobre o que fazer para tornar meu ano FLUIDO e FÁCIL e isso me fez lembrar uma aula de natação que tive em 2015. A tarefa era atravessar a piscina nadando “cachorrinho”. Esse nado costuma ser feito por quem não sabe nadar e pode ser útil para ajudar a pessoa a manter a […]

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