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Por que português é a única língua com “feira” nos dias de semana?

Por que português é a única língua com “feira” nos dias de semana?

Vem que eu vou contar tudinho sobre esse assunto!

A informação é verdadeira e se deve ao fato de que os romanos dedicaram cada dia da semana a uma divindade de sua mitologia, na seguinte sequência: deus Sol, deusa LuaMarte (deus da guerra), Mercúrio (deus da eloquência e do comércio), Júpiter (deus do raio e do trovão), Vênus (deusa do amor) e Saturno (deus do tempo).

Essas divindades eram representadas pelos astros que os romanos conseguiam ver. E esse sistema de nomenclaturas foi seguido por praticamente todas as línguas europeias. Veja:
Espanhol: lunes, martes, miércoles, jueves, viernes, sábado, domingo.⁣⁣
Francês: lundi, mardi, mercredi, jeudi, vendredi, samedi, dimanche.⁣⁣
Italiano: lunedì, martedì, mercoledì, giovedì, venerdì, sabato, domenica.⁣⁣
 
Porém, como os dias eram consagrados a divindades “pagãs”, os cristãos romanos não aceitaram essa forma de nomeá-los. Na região oeste da Península Ibérica, hoje Portugal, um arcebispo condenava o sistema de “nomearem por ‘demônios’ os dias que Deus fez”. Assim, adotaram um sistema enumerativo:
 
Prima feria (domingo)
Secunda feria (segunda-feira)
Tertia feria (terça-feira)
Quarta feria (quarta-feira)
Quinta feria (quinta-feira)
Sexta feria (sexta-feira)
 
Eles mantiveram somente o nome do último dia da semana: o sabbatum, que vem do Shabbat judeu.
Em 321 d.C., o imperador romano Constantino I trocou a denominação do primeiro dia (Prima Feria) por Dies Dominicus (“Dia do Senhor”), considerando que esse foi o dia da ressurreição de Cristo. É daí que surgiu o nosso “domingo”.
 
Bom, a Igreja Católica não queria ficar sozinha nessa e conduziu uma vigorosa campanha – por séculos – para que todos os idiomas adotassem o sistema enumerativo, mas não adiantou: a língua portuguesa é a única língua românica em que o nome dos planetas foi de fato substituído pelos numerais.
 
O uso de “feria” (que se tornou “feira” em português) ainda é controverso, pois em latim esse termo significa “dia de descanso; férias”. Há varias hipóteses diferentes para explicá-lo. Estas estão entre as mais populares:
 
• A ordem do bispo valia apenas para os dias da Semana Santa, em que se recomenda o descanso para os cristãos. Depois é que a nomenclatura acabou sendo estendida para o ano inteiro.
• Para alguns estudiosos, “feria” está relacionada a “ferre” (levar). Esse seria o dia de levar o gado e os frutos da terra para vender no mercado (mais tarde, feira), o que era considerado um dia de descanso, já que o trabalho real consistia em lidar com a terra.
 
Hoje, os dias que levam “feira” são os dias de trabalho, mas, no plural, o termo “feria” indica justamente o período de descanso (férias).
 
Fonte: livro “A origem curiosa das palavras”, de Márcio Bueno.

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Quem somos determina como lemos?

Quem somos determina como lemos?

Observe a imagem com atenção. Antes de comentar, farei algumas perguntas (preservando a licença poética e personificação da imagem).
 
• As pinturas retratam a realidade de modo fiel?
• Aparentemente, houve a intenção de reproduzir a realidade?
• Se outros seres fizessem o mesmo registro, o resultado poderia ser o mesmo?
• Sem discutir a ilustração com seres diferentes, o/a personagem seria capaz de perceber que seus registros não correspondem com exatidão à realidade?
 
Vocês provavelmente já sabem onde quero chegar. Quando falamos sobre interpretação de texto, muitas pessoas (leigas, em geral) acreditam que todas as “leituras” devem ser respeitadas. Podemos entender por que alguém leu como leu, de modo respeitoso, mas existem leituras possíveis e leituras erradas. O chifre do rinoceronte não faz parte da paisagem, mas somente confrontando a própria visão às de outros seres seria possível que o artista colocasse em xeque a própria interpretação.
 
O mesmo acontece quando lemos. Muitas vezes, nossa interpretação não é bem feita porque resulta de nossas crenças, visões, posicionamentos etc. Para mostrar que isso não é novidade, compartilho trechos de um texto de 1984, escrito por Luiz Antônio Marcuschi:
 
“[…] o contexto sociocultural, os conhecimentos de mundo, as experiências e as crenças individuais influenciam na organização das inferências durante a leitura. Como lembra Spiro (1980), apesar de pouco sabermos a respeito do problema da compreensão de textos, já emerge como fundamental um consenso, ou seja, que os conhecimentos individuais afetam decisivamente a compreensão, de modo que O SENTIDO NÃO RESIDE NO TEXTO. Assim, embora o texto permaneça como o ponto de partida para a sua compreensão, ele só se tornará uma unidade de sentido na interação com o leitor. […] Não creio que haja razões sérias para se duvidar de que os conhecimentos individuais pré-existentes, sejam quais forem, ativam durante a leitura determinados esquemas, frames, scripts, modelos ou cenários que determinam, nos indivíduos, compreensões qualitativamente diferentes para o mesmo texto.”
 
Será que somos bons leitores, principalmente na internet? Deixamos nossas convicções atrapalharem os processos de inferência? Buscamos reler os textos, discuti-los ou ter acesso ao modo como outras pessoas o compreenderam? Colocamos à prova as “primeiras impressões” que temos ao interpretar algo no texto ou no mundo? Termino com um trecho de uma entrevista publicada em 1982, na qual Paulo Freire diz: “eu acho que um dos princípios fundamentais para ler é aceitar que não se entendeu o que se leu.”.
 
Fonte das citações: BARZOTTO, Valdir Heitor. Estado de leitura. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1999. (Coleção Leituras no Brasil).

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