21 Junho 2019
Carolina Pereira
Observe a imagem com atenção. Antes de comentar, farei algumas perguntas (preservando a licença poética e personificação da imagem).
 
• As pinturas retratam a realidade de modo fiel?
• Aparentemente, houve a intenção de reproduzir a realidade?
• Se outros seres fizessem o mesmo registro, o resultado poderia ser o mesmo?
• Sem discutir a ilustração com seres diferentes, o/a personagem seria capaz de perceber que seus registros não correspondem com exatidão à realidade?
 
Vocês provavelmente já sabem onde quero chegar. Quando falamos sobre interpretação de texto, muitas pessoas (leigas, em geral) acreditam que todas as “leituras” devem ser respeitadas. Podemos entender por que alguém leu como leu, de modo respeitoso, mas existem leituras possíveis e leituras erradas. O chifre do rinoceronte não faz parte da paisagem, mas somente confrontando a própria visão às de outros seres seria possível que o artista colocasse em xeque a própria interpretação.
 
O mesmo acontece quando lemos. Muitas vezes, nossa interpretação não é bem feita porque resulta de nossas crenças, visões, posicionamentos etc. Para mostrar que isso não é novidade, compartilho trechos de um texto de 1984, escrito por Luiz Antônio Marcuschi:
 
“[…] o contexto sociocultural, os conhecimentos de mundo, as experiências e as crenças individuais influenciam na organização das inferências durante a leitura. Como lembra Spiro (1980), apesar de pouco sabermos a respeito do problema da compreensão de textos, já emerge como fundamental um consenso, ou seja, que os conhecimentos individuais afetam decisivamente a compreensão, de modo que O SENTIDO NÃO RESIDE NO TEXTO. Assim, embora o texto permaneça como o ponto de partida para a sua compreensão, ele só se tornará uma unidade de sentido na interação com o leitor. […] Não creio que haja razões sérias para se duvidar de que os conhecimentos individuais pré-existentes, sejam quais forem, ativam durante a leitura determinados esquemas, frames, scripts, modelos ou cenários que determinam, nos indivíduos, compreensões qualitativamente diferentes para o mesmo texto.”
 
Será que somos bons leitores, principalmente na internet? Deixamos nossas convicções atrapalharem os processos de inferência? Buscamos reler os textos, discuti-los ou ter acesso ao modo como outras pessoas o compreenderam? Colocamos à prova as “primeiras impressões” que temos ao interpretar algo no texto ou no mundo? Termino com um trecho de uma entrevista publicada em 1982, na qual Paulo Freire diz: “eu acho que um dos princípios fundamentais para ler é aceitar que não se entendeu o que se leu.”.
 
Fonte das citações: BARZOTTO, Valdir Heitor. Estado de leitura. Campinas, SP: Mercado de Letras, 1999. (Coleção Leituras no Brasil)

Carolina Pereira Observe a imagem com atenção. Antes de comentar, farei algumas perguntas (preservando a licença poética e personificação da imagem).   • As pinturas retratam a realidade de modo fiel? • Aparentemente, houve a intenção de reproduzir a realidade? • Se outros seres fizessem o mesmo registro, o resultado poderia ser o mesmo? • […]

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Nossa missão é combater o preconceito linguístico e dar dicas sobre o padrão da língua, que todos têm o direito de conhecer.



9 Janeiro 2019

A metáfora é uma figura de linguagem que consiste em comparar duas coisas que mantenham relação de semelhança entre elas, mas de maneira implícita. Assim, a metáfora se difere de outra figura, chamada simplesmente de comparação, porque esta é explícita, apresentando termos comparativos

Exemplos:

Comparação: “Seus olhos são como dois oceanos.” ou “Seus olhos parecem dois oceanos.”

Metáfora: “Seus olhos são dois oceanos.

Dessa forma, entendemos as metáforas como formas poéticas de se falar sobre uma coisa, invocando outra. Então, sobre a frase justificada pela ministra como sendo uma metáfora, será que é mesmo?

NÃO!

O que a senhora faz não é comparar, mas sim representar uma ideia através de uma expressão. Aqui, o que podemos ter é a figura da METONÍMIA ou até ALEGORIA, já que a ministra utiliza as cores para simbolizar os estereótipos e papéis sociais de gênero (além de para ser transfóbica).

“Menino veste azul e menina veste rosa” compreende uma vasta gama de coisas antiquadas não ditas, como: menino brinca de carrinho e menina, de boneca; homem trabalha fora, mulher cuida da casa; homem joga futebol com os amigos, mulher cuida dos filhos; homem gosta de mulher, mulher gosta de homem.

Além disso, segundo a análise do discurso, usando um termo com sentido positivo e poético, como “metáfora”, ela procurou suavizar o impacto real que a sua frase teria, já que o público simpatiza com a beleza das metáforas.

A metáfora é uma figura de linguagem que consiste em comparar duas coisas que mantenham relação de semelhança entre elas, mas de maneira implícita. Assim, a metáfora se difere de outra figura, chamada simplesmente de comparação, porque esta é explícita, apresentando termos comparativos Exemplos: Comparação: “Seus olhos são como dois oceanos.” ou “Seus olhos parecem […]

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Léo Ottesen é escritor, poeta e professor de escrita criativa.



12 Outubro 2018

Olá, professores e diretores de escolas que aderiram ao PNLD Literário 2018!

Neste mês de outubro de 2018, vocês têm a importante tarefa de selecionar os livros literários que serão enviados para seus alunos. Como há ótimas e variadas opções, decidi escrever a vocês para indicar uma obra da qual sou grande admiradora. É uma excelente notícia saber que tantos alunos terão a chance de ler livros tão preciosos quanto aqueles selecionados para o PNLD Literário 2018!

Minha indicação é uma obra chamada Mindinho maior de todos, com poemas de Juliana Valverde e ilustrações de Feres Khoury. O universo infantil está contemplado no livro por meio de poemas muito instigantes, sonoramente agradáveis, permeados por assuntos como mundos e seres imaginários, o medo, a casa, o amigo, o irmão mais novo, a mãe, fadas e assim por diante. Você pode conhecer estas maravilhas clicando aqui.

Além disso, as imagens do livro fazem dele uma verdadeira coletânea de arte ao alcance dos alunos. Juntos, os textos e as imagens convidam os leitores a reflexões sobre importantes elementos de nossas vidas e sobre emoções humanas. Tudo isso faz dessa obra muito significativa para as mais variadas faixas etárias, sobretudo para crianças entre 8 e 11 anos.

Nas primeiras leituras, você e seus alunos certamente viverão momentos muito agradáveis de fruição literária e estética. Para além da fruição, o livro também pode constituir uma importante ferramenta pedagógica, pois contribui para a formação de leitores, para o estudo do gênero poema e para a ampliação do repertório dos alunos. Há um material de apoio ao professor bem completo e você pode conhecê-lo previamente clicando aqui.

A escolha do PNLD Literário 2018 ocorrerá do dia 18/10 ao dia 31/10. Fique atento ao prazo!

Veja mais informações:

 

Professores e dirigentes participam juntos dessa importante decisão. Depois, os diretores registram as escolhas no site pddeinterativo.mec.gov.br.

Não deixe de participar! Acesse o Guia Digital do PNLD Literário clicando aqui.

Você pode assistir à leitura de um dos poemas feita pelo Pablo Martins em nosso canal:

 

Boas escolhas!

 

Olá, professores e diretores de escolas que aderiram ao PNLD Literário 2018! Neste mês de outubro de 2018, vocês têm a importante tarefa de selecionar os livros literários que serão enviados para seus alunos. Como há ótimas e variadas opções, decidi escrever a vocês para indicar uma obra da qual sou grande admiradora. É uma […]

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6 Março 2018

Leitura de imagem sempre requer atenção aos detalhes e persistência!

Analise com calma antes de ler a resposta.

desafio apito treinador menino tênis sapato matemática

 

A resposta do desafio é…
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ONZE!
Errou? Vamos às explicações!
LINHA 1: pode-se deduzir que cada par de sapatos vale 10 (ou que cada pé sozinho vale 5).
LINHA 2: se o par de sapatos vale 10, cada homem COM APITO NO PESCOÇO vale 5.
LINHA 3: Se o homem com apito vale 5, sobram 8 para os dois PARES de apito (repare que na linha 3 o apito vem em pares, enquanto na linha 4 ele aparece sozinho). Portanto, cada apito vale 2.
LINHA 4: Já sabemos que um sapato vale 5. Se o homem com apito vale 5 e cada apito vale 2, o HOMEM SEM APITO no pescoço vale 3. A última pegadinha da linha 4 é que aparece uma multiplicação no final (você reparou ou apenas saiu somando no modo automático?). Aqui a gente extrapola a análise da imagem, porque é necessário um conhecimento prévio de matemática: nas equações, devemos resolver multiplicações e divisões antes de somas e subtrações, mesmo não havendo parênteses! Por isso, a conta final seria:
5 + 3 x 2 = x
5 + 6 = x
11 = x
São muitos detalhes, né?
E você, notou essas sutilezas na imagem (homem com apito ou sem apito, por exemplo)?
Tanto com textos verbais como com textos não verbais, é normal a gente se apressar e pular para as conclusões, mas não deveríamos. Tirar conclusões durante uma leitura requer necessariamente a RELEITURA, reanálise, movimentos de ir e vir, paciência, reflexão, reconsideração…
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Leitura de imagem sempre requer atenção aos detalhes e persistência! Analise com calma antes de ler a resposta. desafio apito treinador menino tênis sapato matemática   A resposta do desafio é… . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . […]

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