30 Janeiro 2015

Uma das principais reclamações entre quem se recusa a ler grandes nomes da literatura brasileira é a suposta dificuldade para compreender o vocabulário dos livros. Por isso, resolvemos escrever um post curtinho e divertidinho e mostrar que não há motivos pra se assustar ao se deparar com uma palavra desconhecida. Em alguns contextos, mesmo que a palavra não estivesse lá, poderíamos entender todo o texto. Duvida? Observe a estratégia usada no anúncio publicitário a seguir:

submarino-portugues-legal-carol

 

O contexto bastou para que você completasse as primeiras frases sem dificuldade, não foi?
O mesmo acontece com qualquer trecho do Machado de Assis. Você sabe o que é uma alcova? Será de comer? De vestir? Dá pra comprar? É um nome pejorativo?
Vejam estes dois períodos de Dom Casmurro, por exemplo:

“Pádua enxugou os olhos e foi para casa, onde viveu prostrado alguns dias, mudo, fechado na alcova.”
“Fizeram-me entrar na alcova, onde ele jazia estirado na cama, mal coberto por uma colcha de retalhos.”

 

Lendo a primeira frase, a gente já saberia que se trata de um lugar. Com a segunda, sabendo que a alcova é o lugar onde encontramos a cama, fica fácil! Segundo o dicionário, era esse o nome de pequenos quartos de casas antigas.

Vejamos, agora, dois trechos do livro Quincas Borba:

“Freitas elogiava tudo, saudava cada prato e cada vinho com uma frase particular, delicada, e saía de lá com as algibeiras cheias de charutos.”
“Levantou-se, meteu as mãos nas algibeiras das calças e, depois de alguns passos, parou defronte de Sofia.”

 

Antes de ficar nervoso com a palavra desconhecida, tente imaginar aquele espaço em branco. Onde seria possível guardar charutos? Em uma bolsa? Um estojo? Olhando a segunda frase, fica fácil: se algibeira é um compartimento da calça onde é possível enfiar as mãos, só pode ser o bolso.

Essa tática vale também pra quem está aprendendo um idioma novo: em alguns contextos, somente determinadas palavras caberiam. A dica é reler a frase imaginando quais palavras fariam sentido lá. Costuma funcionar!

Se você tem outras dificuldades (birras, repulsas, fobias) ao ler, conte pra gente quais são e tentaremos ajudar! Fugir de autores SUPERLEGAIS como Machado de Assis por não entender algumas palavras é como deixar de ir à praia porque vai se sujar de areia.

Até a próxima!  😉

[Para ser notificado sobre novos textos, deixe seu e-mail nos comentários]

283x91@2x

Uma das principais reclamações entre quem se recusa a ler grandes nomes da literatura brasileira é a suposta dificuldade para compreender o vocabulário dos livros. Por isso, resolvemos escrever um post curtinho e divertidinho e mostrar que não há motivos pra se assustar ao se deparar com uma palavra desconhecida. Em alguns contextos, mesmo que a palavra não estivesse lá, poderíamos entender todo o texto. Duvida? Observe a estratégia usada no anúncio publicitário a seguir:

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O contexto bastou para que você completasse as primeiras frases sem dificuldade, não foi?
O mesmo acontece com qualquer trecho do Machado de Assis. Você sabe o que é uma alcova? Será de comer? De vestir? Dá pra comprar? É um nome pejorativo?
Vejam estes dois períodos de Dom Casmurro, por exemplo:

“Pádua enxugou os olhos e foi para casa, onde viveu prostrado alguns dias, mudo, fechado na alcova.”
“Fizeram-me entrar na alcova, onde ele jazia estirado na cama, mal coberto por uma colcha de retalhos.”

 

Lendo a primeira frase, a gente já saberia que se trata de um lugar. Com a segunda, sabendo que a alcova é o lugar onde encontramos a cama, fica fácil! Segundo o dicionário, era esse o nome de pequenos quartos de casas antigas.

Vejamos, agora, dois trechos do livro Quincas Borba:

“Freitas elogiava tudo, saudava cada prato e cada vinho com uma frase particular, delicada, e saía de lá com as algibeiras cheias de charutos.”
“Levantou-se, meteu as mãos nas algibeiras das calças e, depois de alguns passos, parou defronte de Sofia.”

 

Antes de ficar nervoso com a palavra desconhecida, tente imaginar aquele espaço em branco. Onde seria possível guardar charutos? Em uma bolsa? Um estojo? Olhando a segunda frase, fica fácil: se algibeira é um compartimento da calça onde é possível enfiar as mãos, só pode ser o bolso.

Essa tática vale também pra quem está aprendendo um idioma novo: em alguns contextos, somente determinadas palavras caberiam. A dica é reler a frase imaginando quais palavras fariam sentido lá. Costuma funcionar!

Se você tem outras dificuldades (birras, repulsas, fobias) ao ler, conte pra gente quais são e tentaremos ajudar! Fugir de autores SUPERLEGAIS como Machado de Assis por não entender algumas palavras é como deixar de ir à praia porque vai se sujar de areia.

Até a próxima!  😉

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escrito por

Nossa missão é combater o preconceito linguístico e dar dicas sobre o padrão da língua, que todos têm o direito de conhecer.



Comentários


Junior

Gostei. Vou usar com meus alunos em sala de aula. sou Professor de história. abraços

Patricia

Estratégias de leitura despretensiosas e eficazes, adorei.

Amanda

Muito bacana! Usarei com meus alunos…

tania nunes

Outros textos.

Maria Alice Alves

Gostaria de receber novos textos. Adorei a carta ao papai noel. Obrigada

Ione Berenice Helvécio

Sou professora de Português. Quero usar com meus alunos. Gostei muito.
Abraços

Luciane

Muito legal a propaganda publicitária, e é verdade… não lemos um texto palavra por palavra. Não há necessidade de se entender tudo, mas eu adoro um dicionário…

Domingas

Amei e gostaria de mais regrinha de português.

Elvira Maria Rocha

Gostei muito das sugestões de trabalho com as grandes obras.

Mª Teresa C. A. Iglesias

Gostei muito, essas “dicas” com certeza auxiliarão meus alunos.

Marilia de Paula

gostei muito deste texto e vou passar a usar com meus alunos.
Sempre vou dar uma passada pelo site pra ver textos e dicas novas.

Eli

Gostaria de receber notificações de novos textos e dicas.

Grata


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